terça-feira, 17 de maio de 2011

Por que RM?

Costumo dizer com bastante freqüência que tudo que acontece na minha vida deriva de um impulso louco que tenho aos domingos de manhã. A expressão não quer dizer literalmente que eu só tenho idéias no primeiro dia da semana (sim, o domingo é o primeiro, haters gonna hate), mas que geralmente tenho leves imaginações que vão ganhando força em uma dada hora. Não foi diferente com minhas aulas de bateria, o projeto do meu livro, a academia, a primeira vez que andei de skate (essa história é tão mirabolante que rende até um post separado), talvez até o curso de engenharia de computação.
Quem lê isso pensa que isso é algo ruim, mas eu não vejo dessa forma. Consigo transformar em idéias e projetos de vida coisas que as pessoas tidas como "normais" simplesmente deixariam passar batido. E claro, se eu falo tudo isso e o post é sobre a RM, é porque ela não é nenhuma exceção.

A Rescue Me é a segunda fic mais longa que já escrevi, e que está muito perto de bater sua predecessora, a 10 Metros Abaixo. E as duas não poderiam ser mais diferentes uma da outra. Foram escritas em momentos diferentes da minha vida, em idades diferentes e com temáticas distintas, e por isso é natural que uma não pareça com a outra. Mas ambas tem pontos de semelhança, como a mesma origem - o universo do Ragnarok Online - a mesma referência - amigas muito próximas a mim que me incentivaram e fizeram a fic nascer - e praticamente a mesma justificativa: o amor que acabei adquirindo por certos personagens.

O Saffron foi outra coisa que nasceu de um delírio. Em uma das minhas inúmeras tentativas de continuar a 10m (e que fique bem claro que não foi por falta de idéias, e sim de saco pra escrever tudo), escrevendo um trecho entre a 2a e a 3a parte da cronologia, que ficou batizado como O Adeus Definitivo, eu comecei a criar personagens secundários. Eles eram tão pano de fundo que me atrevo até a dizer que eram personagens terciários, mesmo.

No meio de toda essa bagunça, acho que criei uns 20 personagens. Apenas imaginei a aparência e a classe, e um pouquinho mínimo sobre eles pra poder escrever sem muito remorso, já que pra mim é complicado sair escrevendo coisas sobre alguém que não sei quem é. Às vezes funciona, às vezes não. E em se tratando de algo tão profundo e complexo (pra mim) quanto a série 10m, eu queria que tudo saísse perfeito.

No mundo do Ragnarok em geral, não falando só de Role-Play, há um clichê horrível sobre os casamentos. Parece que há algum tipo de tradição que faz com que as pessoas só queiram formar casais tipo Espadachim (entenda espadachim aqui como todas as ramificações da classe, com um pouquinho de ênfase nos Lordes) e Sacerdotisas (sumas e Arcebispas também), Gatuno e Gatuna, Bardo e Cigana, etc. É até mesmo nas fanarts imagina-se o casal desse jeito, você enjoa de ver o lorde forte, alto e com olhar cheio de bravura com uma sacerdotisa meiga e gentil ao seu lado, pronto pra apoiá-lo.

Não digo que quem faz esse tipo de coisa tá errado ou algo do tipo. Mas num mundo de clichês eu queria pelo menos uma vez fugir da rotina, porque eu sou ótima pra cair nessas receitas de bolo que todo mundo usa quando vai escrever. E comecei a imaginar um casal diferente. Queria um homem sensível, quase irritante de tão enrolado pra aceitar a si mesmo, e que acabasse envolvido com uma pessoa totalmente instável e cheia de problemas. E a partir daí foi mais ou menos fácil de imaginar.

Depois do esboço, foi só perder uma hora ou duas e o estrago estava pronto. Ele seria uma sacerdote que passaria a maior parte do tempo na Igreja, ocupado com as tarefas da sacristia e teria um medo horrível de que alguém tomasse seu coração. Ela seria uma arruaceira, a classe mais cheia de malandragem e trollagem possível, daquelas lindas e estonteantes que fazem teu ar sumir e você não saber mais onde está. Até o nome foi algo completamente randômico: Rafaela é um nome bem comum até, e Saffron... Acho que eu não preciso explicar o que eu tinha na cabeça quando escolhi.

Depois de muitas idas e vindas, tanto minhas quando dos personagens, acabou que o Saffron se viu envolvido com um certo sacerdote que "trabalhava" ali pertinho, do ladinho dele. E então, um belo dia eu pensei: "Nossa, mas como seria se todos esses personagens vivessem no nosso mundo, e não em Midgard?".

E assim nasceu a RM.Teoricamente, a Silvério Franco (fanfiction escrita pra retratar os personagens da Chama Prateada vivendo num planeta em que não é tão fácil assim usar telhados para locomoção) seria a mãe da RM, posto que ela é só uma extensão da SF. Mas quem começou tudo isso foi a RM, quando eu não tinha nada pra fazer em uma certa aula da faculdade e comecei a usar o computador do laboratório pra escrever um trechinho do Sven perseguindo o (agora) professor Saffron. Mandei o trecho pra Momo, ela gostou, mas não falamos mais nisso até que um dia eu resolvi ressuscitar aquela ideia, escrever ela a sério... E a ideia já tem umas 109 páginas a mais.

Mas afinal, porque RM? Bem, o que me motivou justamente a tirar a plot da gaveta foi um certo vídeo do Youtube, com umas imagens de Togainu no Chi, que usava como trilha sonora a música Rescue Me, do Tokio Hotel. E olhando a letra, e pensando naquilo junto com a ideia que eu tive há tanto tempo atrás, notei como a música e a história são parecidas, especialmente como o Sven precisa ser salvo, não só metaforicamente, mas fisicamente, por viver em um lugar tão insalubre e com alguém tão instável como o avô dele. Ao mesmo tempo, o Saffron, que naquele mundo anda tão emocionalmente ferido e sobrecarregado em todos os sentidos (o divórcio conturbado, a falta de dinheiro, o excesso de trabalho, o filho pra cuidar, a própria sexualidade dele, etc), acaba tentando achar conforto em alguém tão longe da realidade dele que as chances disso dar certo são ínfimas, mas mesmo assim ele insiste, do modo dele, é claro...

Fico feliz pelo rumo que a RM tomou. Eu releio a fic freqüentemente pra procurar erros (o que não quer dizer que eu tenha tempo de corrigir), ou mesmo me distrair ou recordar algo que já aconteceu, e tenho vontade de ficar lendo até o final, e dou risada ou me emociono  como se não tivesse lido aquilo nunca na vida... Vai ser um projeto que vai me dar uma imensa alegria de ver finalizado, mas que ao mesmo tempo vai me dar uma saudade enorme quando eu finalmente encerrá-lo. E como eu já decidi qual vai ser o final (só não tracei certos pontos do caminho ainda, mas a Ivy tem me ajudado nisso), vejo que o momento de me despedir está cada vez mais próximo...


Enviado via iPad

3 comentários:

Marceli disse...

Adorei seu post e as palavras.

Marceli
http://dicadelivro.com.br/

Ana F. disse...

Eu comecei a ler a fanfic agora, mas eu me apaixonei completamente por ela o/
Tá de parabéns nessa história, não só com a história(que é uma narração de tirar o fôlego e proporcionar várias risadas), como os personagens opostos e ao mesmo tempo tão parecidos e apaixonantes...
Amei *-*

Rebeca Barros disse...

Eu comecei a ler a fic final do ano passado, e menina eu quero dizer que ela é sem duvida a minha favorita, não sei é o fato de ser uma yaoi ou o fato dos personagens serem tão maravilhosos, eu posso dizer que o fato da fic ser narrada pelo personagem masculino e escrita por uma mulher me deixou muito impressionada....gosto de como você não esqueceu dos personagens coadjuvantes, gosto do Leon apesar de no começo ele ter me irritado um pouco e eu gosto do modo como o Sven trata ele, mas eu não poderia deixar de falar que sou apaixonada pelo Saffron... ele é tão perfeito mesmo com seus defeitinhos, eu lembro quando eu estava começando a ler a fic estava tão viciada na história que toda vez que eu via meu professor de Web Designer eu achava que ele era o Saff dava uma vontade enorme de perguntar: Cadê o Sven? Como está o Leon?... acho q não seria bom kk...
Se cuida e escreva muito mais

Postar um comentário

 

Role-plays e Afins © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness