terça-feira, 5 de julho de 2011

Domingo à noite

Eu não entendo você. E ao mesmo tempo não me entendo também. Juro que não consigo conceber, na minha mente de engenheira, como todos os meus sentimentos sempre acabam fluindo pra você. Alegria, tristeza, medo, solidão, expectativa... Você acaba sempre estando atrelado no meio disso tudo, como se fosse o começo e o fim de cada processo que meu coração resolve tomar. Ou você é a causa, ou é o efeito, mas estará sempre lá.

Já não sei se consigo ver meus dias sem você. A cada passo, a cada mera lembrança, lembro de algo seu e esqueço o que estou fazendo. Olho o celular incontáveis vezes, bem como a caixa de emails, a caixa postal do telefone, o aplicativo de SMS instantâneo, pra ver se consigo pegar um rastro seu. As músicas que tocam só sabem pronunciar seu nome. E mesmo com tudo isso, quando eu acho que finalmente esqueci, uma besteirinha qualquer e tudo volta.

Você nunca esteve nesse quarto, mas eu deito e sinto seu cheiro como se ele estivesse impregnado no ar. E sei que só eu o sinto, o que me faz pensar que estou desenvolvendo algum tipo de psicose... Quantas vezes uma pessoa pode pensar sempre no mesmo assunto? Devia ter um limite. Ou não, porque se tivesse multa eu estaria bem endividada a essa hora. De 24h do dia, acho que penso em você umas 25.

Trabalho? Não, isso não é suficiente. Posso estar cheia de problemas e de compromissos, mas você continua lá, e acabo mudando meu ritmo.... Passo a fazer as coisas com mais calma, ou com mais afinco, ou com uma rapidez assustadora porque assim que aquela tarefa ficar pronta eu posso descer pra te encontrar. Nem que seja só por alguns minutos.  São pouquíssimos, mas ao mesmo tempo fazem eu me sentir bem de novo, como se tivesse retornado aonde eu sempre deveria estar. E ao mesmo tempo são desgraçadamente pequenos, e é viciante, eu preciso mais daquilo e não sei se tenho coragem ou força pra dizer "vá, pode ir, você precisa cuidar das suas coisas", deixar você partir é doloroso demais...

Eu não entendo você. Porque você passa tanto tempo longe, me deixando com essa sensação de que eu não existo, se eu sempre digo que não consigo olhar você dobrando a esquina, ou fazendo a volta no carro e partindo, mesmo que seja um simples "até logo"?

Sim, sou fraca. Fraca demais. Preciso de carinho, e tento roubar sua atenção tal qual uma criança mimada. É assim que eu sou. É meu jeito de demonstrar que aqueles sentimentos estão ali,e que não passarão tão facilmente assim. E não me entendo mais, ao ponto em que tenho medo de revelar o que sinto mas ao mesmo tempo tudo que eu faço ou deixo de fazer acaba escancarando meus pensamentos. Sou previsível. E insistente. Afinal de contas, sou humana, e tudo que eu quero é sentir um pouco de você também.

Não sei como esse vício começou. Não sei desde quando fiquei dependente do seu cheiro, ou do calor da sua pele, ou do jeito que você me envolve. Não sei desde quando passei a necessitar do jeito com que seu cabelo repuxa e faz um rabinho na altura do pescoço. Mas ele está aí, ele me achou de novo. E tenho medo de mergulhar de cabeça, pois não sei se o que me aguarda lá embaixo será o doce e gelado banho, como se fosse o igarapé do sítio que me acolhia na infância e me dava alegria, ou se vai ser mais um dos pulos em direção a um mar que me engolirá e me afogará, como já cansei de ver - e sentir - acontecer.

Dizem que são só palavras. Antes fossem. Pequenos conjuntos de letras, aparentemente inofensivos, mas que podem me acorrentar ou me libertar de uma vez por todas. Que podem me envolver em algo inesquecível ou que podem prender a minha alma uma última vez antes que eu me revolte e desista disso tudo.

Nesse momento eu olho o teto, visível apenas graças à meia luz que irradia do abajur. O bichinho de pelúcia me traz um pouco de conforto, mas sei muito bem que não é dele que eu preciso.

Eu não me entendo mais. E não entendo como tudo isso começou, nem como comecei a sentir tudo isso e muito menos como vim parar aqui, externando todos os meus sentimentos em palavras que talvez nunca serão ditas. A luz se apaga espontaneamente, graças a um problema na fiação elétrica que sempre é esquecido e nunca resolvido, e eu sinto que é hora de fechar os olhos. Já é tarde.

E minhas expectativas tentam me esmagar de novo. Hoje não te vi nem por um segundo. Fecho os olhos imaginando que amanhã será outro dia e que posso conseguir uma oportunidade dessas, mas algo no fundo de mim diz que isso é impossível de acontecer. Mesmo assim, eu não consigo parar de pensar, de sonhar.... De desejar que, quando a luz retornar a este quarto, eu possa abrir os olhos e sentir você perto de mim de novo. Nem que seja só por um minuto. Nem que seja só uma ilusão.

Mesmo depois de escrever tanto aqui, ainda não sei o que te dizer... Eu sou uma idiota mesmo, não? Desculpe...

Boa noite, e até amanhã.

0 comentários:

Postar um comentário

 

Role-plays e Afins © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness